Com informações do HC-UFMG
Notícia publicada em 28/03/2017 no Portal EBSERH. Acesse a notícia.
O Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (HC-UFMG), administrado pela Empresa de Serviços Hospitalares (Ebserh), é referência no tratamento de cardiopatia reumática. Por esse motivo, uma equipe de médicos do serviço foi convidada pelo Children´s National Health System, localizado em Washington (D.C.), nos Estados Unidos, para capacitar, no último mês, médicos de Uganda, na África, um dos locais com maior incidência da doença no mundo.
A cardiopatia reumática é uma das possíveis consequências da febre reumática, doença auto-imune causada pela bactéria estreptococos, responsável por infecções na garganta. Normalmente, o organismo combate a infecção produzindo células de defesa, os anticorpos. Em pessoas predispostas à febre reumática, no entanto, eles acabam atacando e lesionando outras partes do corpo, como as articulações, a pele e o coração.
Alguns desses pacientes evoluem com um comprometimento do coração, conhecido como cardiopatia reumática. A estenose mitral, um dos tipos mais frequentes da doença, ocorre quando a válvula mitral do coração diminui o seu orifício efetivo, não permitindo a passagem de quantidade adequada de sangue. As conseqüências são falta de ar, cansaço, tosse, dentre outras.
O tratamento pode ser o acompanhamento clínico, nos casos mais iniciais, cirúrgico, com a troca da válvula por uma prótese, ou percutâneo, através de um procedimento menos invasivo, com um balão utilizado para dilatar a válvula, permitindo a desobstrução do fluxo sanguíneo. O HC-UFMG tem sido a referência do Sistema Único de Saúde (SUS) para este tipo de procedimento com uma equipe treinada para garantir resultados satisfatórios.
Disseminando conhecimento
E é por causa de toda essa expertise adquirida ao longo desses anos que uma equipe do Hospital das Clínicas da UFMG foi parar em Campala, capital da República de Uganda, país africano com um índice de desenvolvimento humano de 0.484 (baixo). Os médicos cardiologistas Maria do Carmo Pereira Nunes (ecocardiografista) e Lucas Lodi Junqueira (hemodinamicista) voltaram da cidade no último dia 24, após dez dias de troca de conhecimento.
Segundo explica Maria do Carmo, a equipe do HC-UFMG deu todo o suporte para que os médicos locais aprendessem a realizar valvoplastia mitral percutânea por cateter-balão e pudessem, a partir de então, aplicar em outros pacientes. “Fizemos um mutirão. Foram duas semanas de atendimento gratuito e treinamento intensivo. A maioria dos pacientes tinha um estado de saúde muito grave”, revelou. Isso porque não existe saúde pública em Uganda. A população – 30% das pessoas vivem em estado de extrema pobreza – precisa pagar por atendimento e tratamento médico. Sem condições financeiras para isso, as pessoas acabam deixando as doenças evoluírem para um estágio avançado.
Em outubro do ano passado, a equipe de Uganda já havia se capacitado com os mesmos profissionais brasileiros, durante passagem pelo hospital universitário. “O objetivo é disseminar essa técnica avançada, na qual preservamos a válvula do paciente, adiando a cirurgia, melhorando os sintomas e aumentando a sobrevida dos indivíduos acometidos por essa enfermidade”, afirmou.
Procedimentos
Em dez anos, o Hospital das Clínicas da UFMG já ultrapassou a marca de 300 procedimentos. “Temos habilidade técnica de um país desenvolvido. E essa troca de conhecimento é muito positiva para nós. O hospital ganha tanto quanto eles (africanos), pois temos a chance de tratar pacientes em estado gravíssimo em um contexto adverso, o que gera um aprimoramento da técnica, além de ter acesso a um número grande de novos casos, gerando novas pesquisas clínicas, contribuindo para um melhor entendimento da doença e consequentemente com a evolução do tratamento”, garante o hemodinamicista Lucas Lodi.
Segundo ele, por causa dessa parceria, o HC-UFMG aumentou o número de publicações científicas sobre o tema. “Elas estão sendo feitas em conjunto entre Brasil, Estados Unidos e África. Isso, além de estreitar o relacionamento entre esses três países, traz um grande estímulo para pesquisas sobre estenose mitral reumática”, revela.
Para ter acesso à valvoplastia mitral percutânea por cateter-balão, o paciente precisa ser encaminhado ao Hospital as Clínicas da UFMG pelos centros de saúde, que fazem o agendamento pela Central de Marcação. O procedimento é todo realizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Com informações do HC-UFMG
Notícia publicada em 28/03/2017 no Portal EBSERH. Acesse a notícia.