Arbovírus da família dos flavivírus, que também inclui os vírus causadores da dengue e chikungunya.
Surtos têm ocorrido no continente africano, sudeste da Ásia, ilhas do Pacífico e, atualmente, no continente americano. O primeiro caso confirmado no Brasil ocorreu em abril de 2015.
Primariamente pela picada de um mosquito Aedes infectado (o mesmo transmissor da dengue e chikungunya).
Transmissão materno-fetal pode ocorrer durante a gestação ou por contato no momento do parto.
Transmissão do Zika através da amamentação ainda não foi observada. No entanto, já foi documentada a transmissão de alguns outros flavivírus através do leite materno.
O RNA do vírus foi isolado no sangue, urina, sêmen, líquido cerebroespinhal, líquido amniótico e leite materno.
O vírus pode ser transmitido pela relação sexual (Centers for Disease Control and Prevention). A carga viral infecciosa no sémen pode ser elevada. Foi identificada carga viral no sêmen duas semanas após o início dos sintomas, numa concentração cerca de 100.000 vezes maior que a do sangue ou da urina.
O Zika é transmissível através de produtos derivados do sangue e transplante de órgãos ou tecidos
Dengue: manifestações iniciais semelhantes e vírus transmitido pelo mesmo vetor. Há diferenças em relação à intensidade de sinais/sintomas específicos, como mostrado abaixo na Tabela 1.
Chikungunya: também com manifestações clínicas semelhantes, mas diferenciando-se pela intensidade de alguns sintomas, como mostrado abaixo na Tabela 1.
Outros: parvovírus, rubéola, sarampo, leptospirose, malária, infecção por rickettsia e por estreptococos do grupo A.
Tabela 1 - Intensidade relativa de sinais e sintomas na infecção pelos vírus Zika, Dengue e Chikungunya.
Adaptado de: Centers for Disease Control and Prevention. Zika virus - What clinicians need to know? Clinician Outreach and Communication Activity (COCA) Call, 26 de janeiro de 2016. Disponível em: http://emergency.cdc.gov/coca/ppt/2016/01_26_16_zika.pdf (Accesso em 03 de fevereiro de 2016).
Deve-se suspeitar da infecção pelo Zika vírus nos pacientes que apresentem pelo menos 2 dos seguintes sintomas:
1 - Febre baixa (37.8 ºC a 38.5 ºC)
2 - Rash máculo-papular
3 - Artralgia (principalmente em pequenas articulações de mãos e pés)
4 - Conjuntivite (não purulenta.)
Diagnóstico definitivo: se baseia em RT-PCR (reação em cadeia da polimerase via transcriptase reversa) e sorologia (IgG/IgM). Atualmente, no Brasil, não há sorologia disponível para detecção de anticorpos para Zika vírus. Só há disponibilidade para realização de isolamento viral e RT-PCR nos laboratórios de referência ligados ao Ministério da Saúde em 12 estados até o momento: Alagoas, Amapá, Amazonas, Bahia, Distrito Federal, Goiás, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Norte, São Paulo e Sergipe. Já está programada a capacitação em RT- PCR em tempo real para mais 11 laboratórios centrais, que ficam nos estados do Acre, Amapá, Ceará, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Piauí, Rio Grande do Sul, Rondônia, Roraima e Santa Catarina.
Outros: parvovírus, rubéola, sarampo, leptospirose, malária, infecção por rickettsia e por estreptococos do grupo A.
O esquema proposto para diagnóstico definitivo é resumido na Figura 1:
A figura pode ser resumida da seguinte maneira:
1 - Até o quarto dia do início dos sintomas, deve-se solicitar RT-PCR como forma de detecção de RNA viral. Entre o 4º e 7º dias, tanto a RT-PCR como sorologia IgM podem ser solicitados. A partir do 7º dia, somente a sorologia IgM deve ser solicitada, sendo os níveis de IgG solicitados após 2 semanas.
Pode haver reação cruzada dos anticorpos para Zika vírus com anticorpos para outros flavivírus, como no vírus da dengue e da febre do oeste do Nilo.
Não há tratamento específico para infecção pelo Zika vírus. O manejo consiste em repouso, hidratação oral e uso somente de analgésicos comuns (paracetamol ou dipirona) até que o diagnóstico de dengue seja afastado.
O Ministério da Saúde determina que todo caso confirmado de Zika vírus deve ser notificado em até 24 horas.
A notificação realizada pelos meios de comunicação não isenta o profissional ou serviço de saúde de realizar o registro dessa notificação nos instrumentos estabelecidos, utilizando a Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde – CID A92.8
Acesso a cópia da ficha de notificação/conclusão individual: Clique Aqui
Registros de casos de microcefalia ou gestantes com exantemas devem obrigatoriamente ser realizados por instituições públicas ou privadas por meio do seguinte endereço eletrônico http://www.resp.saude.gov.br
O Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS Minas) trata das situações de crise que ocorrem no estado. O CIEVS está disponível 24 horas por dia, 7 dias por semana e as notificações podem ser feitas através do 0800 031 01 61 ou pelo E-notifica (notifica.se@saude.mg.gov.br) e a notificação pode ser feita por qualquer pessoa.
Perinatal: infecção pelo Zika vírus foi confirmada em vários recém-nascidos com microcefalia, embora ainda não se saiba quantos desses casos possam ser atribuídos à infecção pelo Zika vírus. Além disso, o vírus também foi isolado em amostras de casos em que houve perda fetal, sugerindo possível relação causal. Entre março/2015 e janeiro/2016, mais de 3500 casos de microcefalia foram reportados em gestantes com infecção pelo Zika vírus, um aumento de 20 vezes em relação aos anos anteriores
Síndrome Guillain-Barré: ainda sem relação causal direta estabelecida, porém vários países da América do Sul tiveram incidência aumentada dessa síndrome junto ao surto de infecção pelo vírus Zika.
Recém-nascido a termo (37 semanas a 41 semanas e 6 dias): perímetro cefálico ≤ 32 cm ao nascimento (OMS).
Recém-nascido pré-termo: perímetro cefálico menor que -2 desvios padrão, pela curva de Fenton para meninas e meninos.
Tal condição foi relacionada com os seguintes problemas:
1 - Convulsões
2 - Atraso de desenvolvimento, em áreas como fala/linguagem ou em outros marcos do desenvolvimento (assentar, ficar em pé, andar).
3 - Prejuízo intelectual (habilidade reduzida em aprender e em funções de vida diária)
4 - Alterações em movimentação e equilíbrio
5 - Alterações na alimentação, tal como dificuldade na deglutição
6 - Comprometimento da audição e visão
Até o momento, não existe na literatura médica nacional e internacional evidências sobre a associação do uso de vacinas com a microcefalia.
Se paciente sem doença clínica consistente com infecção pelo Zika vírus e na ausência de achados em ultrassom de microcefalia fetal e calcificações intracranianas, não há indicação de pesquisa de infecção.
Se presença de 2 ou mais sintomas consistentes com infecção pelo Zika vírus e/ou achados ultrassonográficos de microcefalia ou calcificações intracranianas, está indicada pesquisa de infecção junto aos laboratórios de referência do Ministério da Saúde.
Alterações foram observadas a partir de 29 a 30 semanas de gestação, sendo as principais uma circunferência craniana menor que a esperada para a idade gestacional (< 2 desvios padrão), anormalidades focais em áreas como cerebelo e calcificações intraoculares e em cérebro.
Não há diferenças em relação às orientações já vigentes para todas as mulheres grávidas. Infecção pelo vírus Zika ou microcefalia não são, por si só, indicações de cirurgia cesariana.
O ultrassom transfontanela (US-TF) é a primeira opção de imagem no recém-nascido. A tomografia de crânio sem contraste só é indicada se a fontanela estiver fechada ou naqueles em que ainda persiste dúvida após exames laboratorias e US-TF. (Ministério da Saúde)
Deve-se realizar coleta de sangue do recém-nascido e do cordão umbilical, líquor e placenta para envio para realização de testes de biologia molecular (RT-PCR).
Mais informações sobre coletas de amostras e envio aos laboratórios de referência podem ser encontradas no “Protocolo de vigilância e resposta à ocorrência de microcefalia relacionada à infecção pelo vírus Zika” (2015), disponível em: Clique Aqui Para Vizualizar o Protocolo.
As mulheres grávidas devem evitar viajar para áreas de surto;
Medidas de prevenção da picada do mosquito devem ser adotadas dia e noite, principalmente, por viajantes em áreas de surto:
Usar roupas longas
Usar repelente contra insetos
Adotar mosquiteiros sobre as camas
Usar roupas longas
Proteção em portas e telas nas janelas
Adotar o uso de preservativos durante a relação sexual por tempo mínimo de:
Assintomáticos: 28 dias
Sintomáticos: 6 meses (Principalmente homens que retornam de viagens de áreas de surto)
Indivíduos já com infecção confirmada devem tomar os mesmos cuidados, visando evitar ser picado e transmitir, assim, a doença a outras pessoas
Não há vacina disponível, portanto, as medidas preventivas baseiam-se em evitar a reprodução do mosquito;
Inseticidas “naturais” à base de citronela, andiroba, óleo de cravo, entre outros, não possuem comprovação de eficácia e nem são aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).
Repelentes e inseticidas podem ser utilizados em ambientes frequentados por gestantes, desde que estejam registrados na ANVISA e todas as instruções contidas no rótulo sejam estritamente seguidas.
Atualmente, estudos com gestantes no segundo e terceiro trimestres de gestação e em animais durante o primeiro trimestre indicam que o uso tópico de repelentes à base de n,n-Dietil-meta-toluamida (DEET) por gestantes é seguro.
Os produtos saneantes regulados pela ANVISA podem ser pesquisados nos endereços abaixo: